segunda-feira, 8 de março de 2010

Feliz Dia Internacional da Mulher?

Pamela Lopes

O tão feliz dia internacional da mulher quase passou batido por mim hoje. Como a maioria das mulheres, eu estava preocupada demais com outras coisas para lembrar que temos um dia.

Quando fui tomar meu café, um cara se ofereceu pra pagar. Eu disse não, lógico que não. Mas a atendente, sorridente, soltou: “Deixa ele pagar, boba, hoje é o seu dia”. O que mais eu poderia fazer? Aceitei, sorri e tomei meu café.

Comecei então a pensar no sentido de comemorar a data sem ao menos saber o que ela significa.

Se o dia relembra a luta das mulheres pela igualdade entre os gêneros, porque razão eu deveria aceitar que ele pagasse meu café?

Qual o motivo para eu não sair comemorando a minha independência ao invés de ficar esperando receber uma flor?

A verdade é que a maioria das mulheres se esqueceu do real sentido deste dia. E que os homens nem devem saber, porque se soubessem não reivindicariam a existência de um dia para os homens.

O dia internacional da mulher tem como objetivo lembrar tanto as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres no século passado, como também se opor as discriminações a que estão ainda submetidas muitas mulheres em vários lugares do mundo.

Ou seja, eu deveria ter deixado de lado essa educação que todas as mulheres recebem, inclusive eu e ter dito: Sai fora, eu pago meu café!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Coco Rocha: O meu ponto de vista sem censura

Há muito tempo não atualizamos o blog. Sabem como é... férias, fim de tcc,carnaval, enfim.
Mas esse texto da modelo Coco Rocha merece uma postagem.

Coco Rocha: O meu ponto de vista sem censura



Tem havido uma certa comoção em relação aos artigos que saíram sobre mim no “New York Times” e no “New York Daily News”. Como apenas algumas declarações minhas foram publicadas, acho necessário que eu expresse o meu ponto de vista corretamente, sem edições externas.

Sou uma modelo de 21 anos, 15 cm mais alta e dez manequins menor do que a mulher comum americana. Mesmo assim, em algum universo paralelo, sou considerada “gorda”… Este foi o tema de uma grande discussão esta semana e a notícia que saiu por aí foi: “Coco Rocha é muito gorda para as passarelas”.

Seria este o caso? Não. Ainda trabalho e sou requisitada como modelo. Na realidade, eu me vejo mais ocupada do que nunca. Nos últimos anos, eu não ganhei uma grande quantidade de peso, apenas dois centímetros aqui e ali, como aconteceria com qualquer mulher que sai da adolescência.

Mas este assunto do peso das modelos é, e sempre foi, uma preocupação minha. Há algumas decisões morais que parecem muito simples para nós. Por exemplo, não explorar o trabalho infantil e não aumentar o fator de dependência nos cigarros. Quando estilistas, stylists ou agentes forçam crianças a tomarem medidas que levam à anorexia ou a outro problema de saúde para que continuem na profissão, eles estão pedindo para que o público ignore a sua consciência moral a favor da arte.


Claramente, todos nós vemos quão moralmente errado é um adulto convencer uma menina de 15 anos já magra de que ela, na verdade, está gorda demais. É indesculpável que um adulto exija que uma menina perca, de maneira não natural, um peso vital para que seu corpo continue funcionando corretamente. Como pode qualquer pessoa justificar uma estética que reduz uma mulher ou criança a uma magreza esquelética? Isso é arte? É claro que a estética da moda deve embelezar a forma humana, não destruí-la.

Há divergências na indústria a respeito disso. Apesar de haver aqueles que não levam em consideração o bem-estar da modelo, eu tive a honra e o privilégio de trabalhar com alguns dos melhores estilistas, editores, stylists, fotógrafos e agentes, que respeitam da mesma maneira tanto as modelos novas quanto as consagradas. Sei que há muitos outros por aí, com quem eu não trabalhei, que também concordam comigo neste assunto.


O CFDA (Conselho dos Estilistas da América) tem tentando ao máximo corrigir esta questão. Alguns dias atrás, em sua reunião anual, viram todos que estavam na sala em acordo a favor da mudança do “sample size” [o tamanho das peças dos desfiles e mostruários] e da contratação de modelos apenas acima dos 16 anos. É ótimo ver quantos corações estão no lugar certo, porque nós temos de fazer estas mudanças para a próxima geração de meninas.


Como uma mulher adulta, eu posso tomar decisões por mim mesma. Posso decidir que não vou permitir que eu seja degradada em um casting – marchar de calcinha e sutiã com um grupo de jovens garotas, ser apalpada, espetada e cutucada como gado. Eu consegui escapar desse tratamento, porque já tenho uma carreira consolidada como modelo e sou adulta... mas e as meninas novas e aspirantes a modelo?


Nós precisamos de mudanças. Eu ia preferir que não houvesse meninas trabalhando com menos de 16 anos, mas, se este for o caso, adoraria ver as adolescentes sendo acompanhadas por seu tutor aos castings, desfiles e sessões de fotos. O CFDA criou um código para seus membros, e eu adoraria ver toda a indústria seguindo-o. A sociedade legisla um monte de coisas – a proibição do uso de esteróides nos esportes é um exemplo –, é apenas lógico que haja regras de conduta para manter a indústria da moda saudável.

No passado, modelos se pronunciaram sobre o assunto, e foram acusadas de apenas falar algo porque suas carreiras estavam à beira da extinção. Este não é o meu caso. Falei sobre isso pela primeira vez há uns dois anos, no auge do que uma modelo consideraria a carreira ideal, e de fato houve uma reação – aqueles que mais desrespeitavam o assunto, de repente, chamaram-me para trabalhar para eles! Isso foi uma tática de relações públicas e eu não estava pronta para cair nela. Disse: “Não, vamos ver daqui algumas temporadas. Se mudarem, aí trabalharei com vocês”. Eles não mudaram. Eu não trabalhei para eles.


Da minha geração de modelos, estou exatamente onde preciso estar na minha carreira e agradeço por poder usar a minha posição para me expressar ativamente contra isso, com o apoio do CFDA e da “Vogue”. A minha esperança sincera é de que, por meio dos nossos esforços, as jovens modelos um dia serão poupadas da humilhação, da perigosa perda de peso, da depressão que vem com a anorexia e da miséria do abandono de uma indústria envergonhada de vê-las transformadas em mulheres de verdade.

Há os padrões normais em como tratamos uns aos outros e como tratamos crianças. Há aqueles que continuam a atropelar estes valores, mas há também os defensores de um caminho melhor. Espero que os esforços contínuos do CFDA e de todos que respeitam estes valores irão influenciar a opinião dos que estão no lado contrário da indústria, para assegurar uma mudança verdadeira para o melhor.

Fonte: Uol

Texto publicado originalmente em inglês, no blog da modelo canadense Coco Rocha, e gentilmente cedido por sua agência, Elite Model.


Tradução: Fernanda Schimidt

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Nota 10!

Este não é um post comum.


É um agradecimento.

Desde agosto recebemos mais de 2 mil visitas, o que comprova que nosso trabalho de conclusão de curso não foi feito apenas por nós quatro. Para quem comentou, opinou, deixou seu depoimento, ou apenas leu os posts, deixamos o nosso MUITO OBRIGADA.

Agora somos jornalistas. Escrevemos o nosso livro e concluímos o curso com nota 10. O projeto “Moderna mas nem tanto” existe e se alguém quiser ler, é só pedir! O blog continuará na ativa, trazendo informações sobre o universo feminino. Além disso, dividiremos com vocês histórias de vida que não entraram no livro.

Agradecemos o apoio nesta jornada. 2009 foi um ano de conquistas para nós e esperamos que para vocês também.



Na foto: Pamela Lopes, nossa orientadora Marli dos Santos, Natacha Braido,
 a convidada da banca Regina Vaz, Carolina Mischiatti,
Professora Arlete Pietro e Joyce Cunha.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Mulheres e aids

Carolina Mischiatti


Meninas entre 13 e 19 anos são o grupo com maior incidência de novos casos da doença no Brasil. De acordo com o Boletim Epidemiológico Aids/DST 2009, para cada 8 jovens do sexo masculino infectados pelo vírus HIV, existem 10 casos do sexo feminino na mesma situação.

O aumento da doença entre as jovens será o foco da campanha de prevenção do próximo carnaval, feita pelo Ministério da Saúde.

A aids atinge 33,4 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, desde de 1980 foram contabilizados 544.823 casos, sendo 65,4% entre homens e 34,6% entre mulheres. Mas, apesar de ser minoria, a doença vem aumentando entre elas. Nos anos 80, eram 15 homens infectados para uma mulher. A partir de 2003, passou de 15 casos de homens para 10 de mulheres.

O aumento do índice de mulheres infectadas tem a ver com a formação cultural. Normalmente são os homens que levam a camisinha e definem quando usá-la. Mas é importante que as mulheres se imponham e tenham uma sempre em mãos, caso o inesperado aconteça.

No mercado de trabalho, são elas que saem perdendo. De acordo com informação divulgada ontem pelo Ministério da Saúde, 58% dos portadores de HIV no país não trabalham, sendo 55% homens e 62% mulheres infectadas.

A Fundação Oswaldo Cruz, responsável pela pesquisa, constatou que a autoavaliação positiva do estado de saúde de quem se afastou da profissão foi 55% menor do que a dos que continuam ativos.

domingo, 29 de novembro de 2009

E os nossos exames?

      Pamela Lopes  

          A notícia veio de longe, mais precisamente dos Estados Unidos e as recomendações para dois dos mais importantes exames femininos mudaram. Os médicos estão divididos. A mamografia e o papanicolau agora já não são mais feitos anualmente.

            A orientação divulgada recentemente prevê mamografia a partir dos 50 anos- não mais dos 40- e realizadas a cada dois anos. Já o papanicolau, que rastreia o cancêr do colo do útero, deve ser realizado a partir dos 21 anos. A frequência, que também era anual, para a ser bienal.

           Segundo alguns especialistas, os exames propiciam o diagnóstico precoce do cancêr e podem salvar muitas vidas, portanto, o melhor é fazê-los anualmente. Mas outros especialistas também acreditam que o alto índice de diagnósticos errados prejudica a saúde das pacientes.

           O SUS - Sistema Único de Saúde- já seguia as diretrizes agora divulgadas pelos Estados Unidos. Ou seja, pouca coisa muda na saúde pública. Sem saber muito bem o  que fazer, o que nos resta é conversar com um médico de nossa confiança, para nos sentirmos seguras e protegidas, sem, é claro, esquecer dos exames.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Papel da mulher e mudanças climáticas

Joyce Cunha

Que o planeta já enfrenta e ainda enfrentará as consequências das mudanças climáticas todos sabemos. A novidade é que deverão ser incorporados ao debate internacional sobre a questão os aspectos demográficos e o papel da mulher. A informação foi divulgada ontem, dia 18, pelas Nações Unidas, no relatório “Enfrentando um mundo em transição: mulheres, população e clima”.

Segundo o texto, que menciona estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, as mulheres são mais preocupadas com o ambiente e que por esse motivo poluem menos que os homens. Em países industrializados, por exemplo, são as mulheres que consomem em maior quantidade produtos que tem menor impacto no meio ambiente e têm maior tendência de reciclar resíduos.

Entre as razões para os impactos femininos no meio ambiente serem menores estão as desigualdades de acesso aos recursos econômicos, em países industrializados ou em desenvolvimento, e até mesmo questões relacionadas à alimentação, já que as mulheres consomem porções menores de carne e alimentos em geral e seguem regimes alimentares que priorizam o consumo de legumes.

A Patrona do Feminismo no Brasil, Rose Marie Muraro, acredita que a mulher terá papel ecológico na construção do futuro. “O homem se tornou competitivo num período histórico, quando inventou o dinheiro, e então destruiu os recursos naturais. As mulheres continuam solidárias porque dão origem à vida, alimentam e tomam conta da vida, e está trazendo o homem um pouco mais para essa solidariedade”.

Ainda segundo o relatório das Nações Unidas, a redução da natalidade é um ponto importante para que a população tenha maior resistência ao impacto das mudanças climáticas. A redução da população contribuiria, entre outros, para a diminuição da emissão de gases poluentes no futuro.